6 de out. de 2006

 
Essa semana, estive rearrumando armários, livros, pastas com cartas das namoradas, fotos de adolescentes, até uma coleção de selos eu achei! Nessa confusão, achei um broche do PT, aquela estrelhinha vermelha que a gente tinha que comprar para ajudar a campanha, daqueles bens toscos que não tinham o menor acabamento...

Pois bem, essa estrelhinha me trouxe inúmeras memórias: e as que me mais me marcaram foram as diretas e as eleições de 89. No comício das Diretas o meu pai me levou apesar dos protestos da minha mãe para que nós não fossemos. Foi um turbilhão! Naquela época, a minha consciência crítica, o meu caráter e os meus ideais estavam se formando. Eu não entendia direito aqueles discursos todos, mas me esforçava em seguir aquela onda, aquela eletricidade que corria na Av.Presidente Vargas.

Naquela época, a democracia era inocente, era pueril mas era bem clara e bem definida. Tinha a Arena, o Paulo Maluf, o ACM e o Figueiredo de um lado e o Ulisses Guimarães, o Tancredo, o Henfil, o Betinho, o Mário Covas e o Lula do outro. As posições eram muito claras, de um lado a direita, o atraso, os aliados da ditadura. Do outro, tinha a esquerda, o progresso e a liberdade. Como era simples!!!!

Lutava-se apenas por um única bandeira: a liberdade de escolha, o dom supremo que Deus tinha nos dado desde os primórdios e que o próprio homem, lobo, cão, insiste em nos roubar a todo instante. Perdemos a batalha, mas ganhamos terreno.

Já nas eleições de 89, a causa era mais pragmática, mais direta, mais revolucionária, lutava-se por um operário no poder que pudesse alterar o curso da vida do nosso país. Que pudesse transformar a democracia em algo palpável ao excluído. Buscava-se uma democracia que se materializasse, que mostrasse realmente a sua cara. Infelizmente, ou felizmente, a nossa sociedade não escolheu esse caminho mas a chama ficou acessa por 12 anos.

Finalmente, com a eleição do Lula, a chama se inflamou e parecia que tinhamos entrado em novos tempos. Estranhamente, no dia da vitória, eu não sentia mais aquela euforia das diretas já. Eu sentia um gosto amargo na boca, um sentimento de que a coisa seria muito fácil...

Hoje eu já consigo distinguir o que era o gosto amargo! Era uma sensação de que estava fácil demais... E não fui eu apenas que sentiu o gosto na boca! O Chico Buarque até montou um ministério: "Se prepara que vai dar merda!!!!" E deu...

Depois do Zé Dirceu, do Mensalão e de tantas outras figuras nefastas que se infiltraram no PT e no governo, o fel se tornou claro. Fico com a convicção de que precisamos buscar uma nova democracia, mais direta, que dê menos poder aos indivíduos e mais poder ao coletivo. Como? Não tenho a menor idéia...

Pois bem, nesse blog vou tentar dividir com meus amigos e leitores minhas idéias do que seria uma democracia mais direta e tentar tirar o gosto de fel da boca que me incomoda todo dia...

This page is powered by Blogger. Isn't yours?